O NEXT AGRI em Síntese

Edited on 17/09/2021

No âmbito da "Pacto de Milão sobre Política de Alimentação Urbana" e da estratégia política denominada "Milão Circular", o legado do projeto OpenAgri pós-UIA consiste num pólo de inovação que serve uma parte importante do parque agrícola, com um grande enfoque no setor das águas residuais, entendidas como as atividades relacionadas com o tratamento, valorização e reutilização das águas residuais de qualquer origem (municipais, industriais ou agrícolas).

O projeto NEXT AGRI foca-se no mecanismo de transferência desta prática para 3 cidades europeias: Vila Nova de Gaia, em Portugal, Stara Zagora, na Bulgária, e Almere, nos Países Baixos.

"Atualmente 50% do solo habitável da Terra está dedicado à agricultura, 77% do qual à produção de carne, lacticínios, aves - e cereais, para essa produção bovina e avícola. Ou seja, quase 4/5 do total. Cereais, produtos hortícolas e frutas ocupam apenas 23% da área agrícola global. No entanto, note-se que, apesar de totalizar 77% da área agrícola, a produção animal equivale apenas a 18% das calorias e a 37% das proteínas produzidas a nível mundial. Em contrapartida, os (apenas) 23% das terras onde cultivamos "frescos" e grãos geram 82% das calorias e 63% das proteínas do consumo humano. Todos estes dados mostram a necessidade de implementar soluções inovadoras e disruptivas lideradas pelas cidades e, mais importante, partilhar e transferir conhecimento para a ampla comunidade de cidades participantes". Fonte: Impactos ambientais da produção de alimentos - Our World in Data

O OpenAgri, o projeto UIA de Milão, no âmbito do tema Emprego e Competências, visa testar uma estratégia integrada de inovação nos sectores existentes e recém-criados da cadeia de valor agroalimentar, concentrando-se em novas competências, formação, projetos-piloto para PMEs e ideias para startups. A solução proposta é um "Pólo de Inovação Aberta sobre Agricultura Periurbana" como ferramenta para integrar na Política Alimentar de Milão e na estratégia Milão Circular para a promoção de startups, iniciativas de capacitação, projetos tecnológicos e processos de envolvimento comunitário.

Como o foco da proposta era o desenvolvimento de negócios e a inovação, o OpenAgri testou ferramentas não convencionais e percursos de aprendizagem inovadores para apoiar, tanto a criação de novos negócios, como o desenvolvimento dos já existentes. Além disso, o projeto prestou atenção ao papel inclusivo da agricultura nas áreas urbanas periféricas, e aos impactos sociais e territoriais dos novos negócios criados.

Agir com inteligência no contexto do OpenAgri não foi apenas uma questão de inovação tecnológica (como soluções agrotécnicas baseadas em dados), mas sobretudo de uso sustentável dos recursos e equipamentos locais. Ao fazer isso, o projeto contribuiu para impulsionar a diversidade empresarial e criar uma nova economia urbana que se quer especializada e avançada, e ainda resiliente.

Este projeto experimental desafiou as práticas e regulamentos existentes nas cidades, regiões, áreas políticas e contextos locais. O projeto provou igualmente ser um excelente banco de ensaio para a abordagem do programa UIA, que se baseia numa abordagem local às estratégias de emprego e de competências. O que significa não se concentrar apenas na regeneração física, mas também em estimular novas dinâmicas económicas dentro de uma área local, com a ambição de ligar as competências e os empregos recém-criados a um sistema mais amplo, a nível urbano e metropolitano.

O projeto NEXT AGRI vai transferir a prática do projeto OpenAgri para as seguintes cidades europeias:

VILA NOVA DE GAIA (PT); (População: 302.295; Área: 168.46 km2) - Área Metropolitana do Porto (População: 1.721.038; Área: 2.040.31 km2).

STARA ZAGORA (BG); (População: 158.563; Área: 190.46 km2) - Província de Stara Zagora (População: 333.325; Área: 5.151.000 km2)

ALMERE (NL); (População: 207.904; Área: 248.77 km2) - Província de Flevoland (População: 423.021; Área: 2.412.00 km2)

O processo de transferência de conhecimento será composto por cinco pilares principais e estruturado por módulos da seguinte forma:

1) Papel da inovação aberta no desenvolvimento de um ecossistema de apoio ao empreendedorismo – irá centrar-se em métodos e abordagens para promover a criação de novas empresas inovadoras e de empresas sociais centradas na inovação e sustentabilidade na agricultura periurbana e no sector agroalimentar. A partilha da abordagem e dos métodos adotados serão utilizados na co-conceção de um convite à apresentação de ideias inovadoras no âmbito da agricultura periurbana (da tecnologia agroalimentar à agroecologia e à inovação social).

2) Educação e Formação (o "Inovador Alimentar") - o foco será colocado na maneira de criar um ambiente de formação favorável à criação de novas competências para implantar soluções inovadoras na agricultura periurbana e no domínio alimentar. O módulo centra-se nos métodos e ferramentas adotados na co-conceção de um programa de orientação/aceleração, por exemplo, integrando ferramentas económicas/financeiras (modelos de negócio/quadro de negócios) e conhecimento/saber territorial (e experiência). As melhores práticas serão apresentadas em workshops práticos, como o formato "Officina" (um fablab exclusivo de fabrico de alimentos que mistura ferramentas culinárias com impressoras 3D, cortadores a laser, sensores, Arduino, etc. da iniciativa do Future Food Institute), e os "Open Badges" (um modo digital e conectado de mostrar as competências profissionais).

3) Repensar a gestão do uso do solo agrícola em zonas periurbanas (um "Plano Diretor" inovador) - as cidades podem desempenhar um papel fundamental, tanto na facilitação do acesso dos inovadores ao solo agrícola, como no apoio aos empreendedores que assumam uma abordagem multifuncional. O módulo irá focar o chamado "Masterplan 18X30" como uma ferramenta para reformular uma área de 30 hectares de solo agrícola pertencente ao Município, de acordo com 18 projetos selecionados por concurso público.

4) Desenvolvimento urbano resiliente e integrado - no âmbito do projeto OpenAgri, teve início um processo de regeneração de uma área periurbana em Milão, através do desenvolvimento de um pólo de inovação alimentar. O projeto agroecológico e paisagístico desenvolvido pelo Plano Diretor envolvendo 30 hectares criou um novo espaço para a cidade. Isto significa projetar para permitir o acesso partilhado a sistemas e serviços, planear infraestruturas funcionais e ativar redes entre pessoas, lugares e produtos, desenvolvendo novas oportunidades de negócio que integrem interesses/objetivos privados e públicos.

5) Sustentabilidade a longo prazo - a partir da lição aprendida com o percurso do OpenAgri, o foco será o modelo de negócios e governação e os principais desafios relacionados com a sustentabilidade (incorporação do projeto numa estratégia política mais ampla; comprometimento e coinvestimento da administração; capacidade de construir uma nova parceria estratégica durante o ciclo de vida do projeto).

Os 5 módulos representam o culminar de três anos de atividade inovadora de uma das primeiras vagas de projetos UIA. O projeto cumpriu as suas promessas, mas ainda há muito trabalho pela frente após o fim da linha de financiamento UIA.

Em resumo, a dimensão do impacto da rede NEXT AGRI está de acordo com a intenção do URBACT de promover e ajudar a explicar o funcionamento das REDES ALIMENTARES URBACT, como por exemplo: "Diet For a Green Planet", "Agri-Urban", "Sustainable Food in Urban Communities", "BioCanteens", "RU:RBAN", "BeePathNet" e "FOOD CORRIDORS".

Constatamos, assim, que os dados apresentados no início deste artigo comprovam a necessidade de implementar soluções inovadoras e disruptivas lideradas pelas cidades e, mais importante, a necessidade de partilhar e transferir conhecimento para a ampla comunidade de cidades participantes.

Autoria: Miguel Sousa, Perito Líder NEXT AGRI, com adaptação do NUP PT

 

Publicado, em língua inglesa, a 23 de agosto de 2021

Submitted by Maria João Matos on 17/09/2021
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Maria João Matos

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