O estudo do caso de Amarante, parceiro na rede de transferência BeePathNet e parceiro líder da rede de planeamento e ação iPlace.
O URBACT é não só uma escola para as cidades europeias, mas também um laboratório para novas ideias. As cidades participantes aprendem umas com as outras, partilhando os seus desafios, os seus estudos de caso, e também têm nas redes URBACT uma oportunidade de experimentação.
Fazer parte do URBACT é uma oportunidade para os representantes e equipas das cidades se inspirarem e conhecerem as novas tendências de desenvolvimento urbano.
Amarante é uma cidade ativa no âmbito do URBACT, tendo começado por participar nas redes City Centre Doctor e Change e depois nas redes BeePathNet e iPlace, que partilharam um período comum. Este artigo é sobre o potencial de ligação entre projetos, nomeadamente o iPlace, centrado no desenvolvimento da economia local e na criação de estratégias para processos de especialização inteligentes baseados em nichos de oportunidades, e o BeePathNet, organizado em torno da relação entre a apicultura e a dinâmica das cidades.
Se procura promover o desenvolvimento económico da sua cidade e tem potencial no setor da apicultura, este artigo é definitivamente para si! No iPlace somos mestres na identificação de nichos económicos e no desenvolvimento de planos de ação integrados para alcançar esse potencial. Este artigo procura aplicar a abordagem iPlace ao nicho do BeePathNet, combinando dessa forma os conhecimentos de duas redes URBACT diferentes.
Porque é que as cidades devem considerar a apicultura no plano de desenvolvimento da economia local da sua cidade?
Deixem-me partilhar convosco 7 razões:
1. Promover a apicultura é, ao mesmo tempo, promover a economia e também promover a sustentabilidade. Como todos sabemos, somos a geração que precisa de resolver o desafio das alterações climáticas! Por exemplo, algumas cidades, a fim de proteger as abelhas, eliminaram os pesticidas nas suas estratégias de manutenção!
2. A atividade apícola é movida pela paixão! Os apicultores são habitualmente pessoas que se preocupam com a natureza, e que têm esta atividade, normalmente no início, como um passatempo. Beneficiamos com atividades económicas em que os trabalhadores se sentem realizados, porque isso promove cidades e comunidades mais felizes!
3. Os bons apicultores podem ser pessoas com ou sem uma formação académica relevante. Quando as cidades promovem a apicultura, estão também a promover oportunidades para todas as pessoas da cidade de uma forma muito inclusiva.
4. A apicultura pode ser, para um apicultor, que ganha o seu salário com essa atividade, o seu trabalho principal, mas também pode ser uma fonte de rendimentos complementar para pessoas que têm outras atividades. Para diferentes pessoas existe um valor na atividade apícola que se adequa às suas necessidades individuais.
5. A apicultura pode constituir uma oportunidade económica através da venda de mel e outros produtos apícolas, existindo também a possibilidade de os transformar em produtos de valor acrescentado, como hidromel, doces ou cosméticos. Na economia apícola há também oportunidades na produção de colmeias, rainhas, software para produtores, etc. Na verdade, este nicho, que pode ser visto como um passatempo, pode tornar-se bastante impactante.
6. Os turistas têm uma grande curiosidade em relação às abelhas e ao ciclo de produção do mel! As cidades podem promover rotas e experiências turísticas que podem atrair novos clientes. As cidades devem olhar para cada turista como uma oportunidade para promoverem as suas marcas e produtos locais, incluindo aquelas que não estão relacionados com a apicultura!
7. Ao serem um território amigo das abelhas, as cidades também colherão benefícios em algumas produções agrícolas. A literatura sobre o tema diz-nos que algumas produções poderão aumentar mais de 20% tendo abelhas por perto, devido à contribuição dos polinizadores! Não é admirável?
A apicultura é na realidade um mundo bastante interessante que, na minha opinião, será, ano após ano, cada vez mais valorizado.
Estas 7 razões captaram a sua atenção? Permita-me, então, tentar fornecer algumas ideias sobre como promover isso!
Como podem as cidades promover isso?
Deixem-me partilhar consigo 5 sugestões sobre este assunto!
1. Criação de mercados de produtos apícolas no centro da cidade, a fim de promover a apicultura e o relacionamento entre os apicultores. Estes devem conhecer-se, a fim de partilhar o seu entusiasmo e conhecimentos, e as pessoas devem conhecer os apicultores e os seus produtos no centro da cidade para ganharem proximidade!
2. As cidades podem utilizar a apicultura para a criação participada de espaços públicos de qualidade (placemaking) no centro da cidade, promovendo experiências divertidas para crianças, pontos de informação para adultos, plantando plantas melíferas para alimentar as abelhas e celebrando o Dia Mundial das Abelhas! Estas atividades irão criar uma atmosfera positiva para o desenvolvimento do nicho.
3. A promoção de sinergias entre a apicultura e empresas, tais como restaurantes, pastelarias e agências de turismo, e também em eventos da cidade e nas principais empresas de comunicação social, criará novas oportunidades, e enriquecerá os restantes negócios. Um cluster apícola será mais sólido com estas ligações!
4. A promoção da criação de novos produtos apícolas e de startups, através de concursos de inovação, oferecendo publicidade e alguns prémios aos vencedores! Com estas atividades as cidades promovem a ligação com os jovens que normalmente se entusiasmam com este tipo de desafios!
5. A fim de promover ganhos para o cluster, as cidades podem utilizar produtos apícolas nas suas ofertas institucionais, e também colocar os produtos nas suas lojas, disponibilizando-os aos habitantes e turistas, e utilizar igualmente o comércio eletrónico para chegar à diáspora!
O URBACT visa receber, mas também dar. Amarante tem esta singularidade de ter participado em projetos que nos proporcionaram esta experiência. As ideias que vieram da combinação de experiências são algo que deve definitivamente ser partilhado com outras cidades!
Vamos impulsionar a mudança para cidades melhores!
Texto da autoria de Tiago Ferreira
Coordenador de projeto da rede iPlace e participante no BeePathNet. Amarante, Portugal
Notas: - Queremos agradecer em especial a todos os participantes de ambas as redes, iPlace e BeePathNet, nomeadamente aos dois talentosos peritos líderes Wessel Badenhorst (iPlace) e Klemen Strmsnik (BeetPathNet) e a Maruška Markovčič (BeePathNet, Ljubljana) que foi uma inspiradora gestora de projeto.
- Este artigo foi originalmente pensado para a "Food Storytelling Battle" que foi apresentada online no URBACT City Festival 2021.