Nove Boas Práticas URBACT que promovem cidades regenerativas

Edited on 24/04/2025

Descubra estratégias inspiradoras de regeneração verde desenvolvidas em nove cidades europeias que receberam o selo de Boa Prática URBACT.

A regeneração urbana representa uma abordagem transformadora que utiliza práticas sustentáveis e um envolvimento inovador da comunidade para revitalizar as cidades. Abrange um vasto espetro de atividades - desde a reorientação de espaços urbanos vagos e a integração de infraestruturas verdes até à revitalização de sítios do património cultural e à promoção da inclusão social. Um aspeto importante é que não existe uma fórmula universal para a regeneração urbana; em vez disso, varia significativamente consoante os contextos locais, as necessidades ambientais e a colaboração das partes interessadas.

Este artigo analisa estratégias bem sucedidas de regeneração verde desenvolvidas em nove cidades europeias, envolvendo diversos atores e uma vontade coletiva de promover ambientes urbanos vibrantes, resilientes e sustentáveis. Estas estratégias são uma seleção das 116 Boas Práticas URBACT recentemente premiadas. No final de 2024, as cidades e regiões europeias foram convidadas a apresentar as suas soluções de desenvolvimento sustentável, cada uma das quais foi submetida a uma avaliação especializada do respetivo impacto local, grau de abordagens participativas e integradas relevantes e o potencial de transferência para outras cidades Europeias. 

Continue a ler para obter uma síntese de cada prática, juntamente com algumas sugestões para a regeneração verde na sua cidade.

 

Bairros revitalizados graças à reabilitação

 

Os aglomerados urbanos enfrentam frequentemente desafios como a exclusão social, o declínio económico e a degradação ambiental. Seguem-se dois exemplos que ilustram abordagens distintas, mas complementares, da reabilitação urbana que defendem a sustentabilidade e a revitalização da comunidade.

#1 – Ghent (BE)

 

Os Urban Renewal Programmes for Neighbourhoods (Programas de Reabilitação Urbana para Bairros) visam bairros desfavorecidos, integrando a melhoria da habitação, a sustentabilidade ambiental e a participação da comunidade. Com mais de uma década de existência, a iniciativa envolve cerca de 25 projetos de bairros diferentes e envolve diretamente mais de 10 000 residentes.

O modelo de Ghent apresenta uma abordagem integrada, com ênfase na sustentabilidade a longo prazo e na renovação urbana inclusiva. Dando prioridade às infraestruturas verdes, em particular, a cidade criou novos parques, jardins urbanos e zonas pedonais, reduzindo a dependência do automóvel em 30% nas áreas visadas. Os workshops colaborativos garantiram que as vozes da comunidade influenciassem a tomada de decisões, reforçando a coesão social e a adesão local. A nível económico, a iniciativa catalisou a criação de postos de trabalho através de esquemas de emprego local e melhorou o valor das propriedades.

#2 – Düsseldorf (DE)

 

Reinventing the Fringe centra-se na revitalização de áreas urbanas periféricas tradicionalmente negligenciadas nas estratégias de desenvolvimento urbano. Esta prática evidencia uma estratégia eficaz para lidar com a expansão urbana e aumentar a vitalidade económica e a sustentabilidade ambiental.

Ao recuperar cerca de 30 hectares de espaços subutilizados, Düsseldorf introduziu soluções inovadoras de utilização mista que incluem centros comerciais, habitação a preços acessíveis e locais culturais. A acessibilidade melhorou significativamente, com um aumento de 25% na utilização dos transportes públicos nas zonas revitalizadas. 

A sustentabilidade ecológica é uma componente central, com a criação de corredores verdes e infraestruturas de mobilidade sustentável que reduziram as emissões locais em 20%. A participação alargada das partes interessadas em Düsseldorf, incluindo empresas e residentes locais, garante que a regeneração se alinha de perto com as aspirações da comunidade.

O que é que a sua cidade pode aprender com isto?

 

As cidades podem inspirar-se nas práticas comparativas de Ghent e Düsseldorf, dando prioridade a abordagens integradas baseadas em dados para a regeneração e realçando a sustentabilidade ecológica para enfrentar desafios urbanos complexos. 

  

Urban Renewal, Ghent.

      

Reinventing the Fringe, Dusseldorf.

               

 

 

 

 

 

 

 

 

Apropriação coletiva da regeneração verde

 

Um dos principais desafios da reabilitação urbana é assegurar a participação e apropriação genuínas da comunidade na criação de espaços verdes e ambientes urbanos sustentáveis. As quatro Boas Práticas URBACT seguintes oferecem soluções para este desafio, com uma variedade de resultados locais.

#3 – Brussels-Capital Region (BE)

 

O Canal Open Space Plan de Bruxelas revitaliza os espaços urbanos ao longo da área do canal, anteriormente caracterizados pelo declínio industrial e pela fragmentação espacial. Esta iniciativa demonstra como a participação inclusiva da comunidade pode moldar paisagens urbanas sustentáveis e resilientes.

Através de uma consulta pública alargada e de processos de co-design que envolveram mais de 5 000 residentes locais, a cidade voltou a ligar comunidades, melhorou a conetividade ecológica e melhorou os equipamentos públicos. O plano levou à criação de vários novos parques e corredores verdes, cobrindo mais de 15 hectares e aumentando significativamente a biodiversidade e as oportunidades de lazer. 

Estas intervenções também melhoraram a qualidade do ar local e reduziram as ilhas de calor urbanas, aumentando a cobertura verde em quase 20% nos bairros visados.

#4 – Rouen (FR)

 

O Participatory Urban Park Project implementou uma abordagem participativa para conceber parques urbanos que satisfaçam as necessidades e aspirações específicas da comunidade. Ao integrar as expetativas locais, Rouen garantiu que estes parques permanecessem espaços comunitários vibrantes e sustentáveis.

Mais de 2 500 residentes participaram ativamente em workshops e inquéritos, influenciando diretamente a conceção dos parques, os serviços e as práticas de gestão.

Este processo colaborativo resultou na criação de espaços verdes acessíveis e multifuncionais que aumentaram significativamente a cobertura verde local e a biodiversidade. Para além dos benefícios ecológicos, o modelo participativo reforçou a coesão social, promovendo um forte sentido de propriedade e orgulho local.

#5 – Fót (HU)

 

O Fót abordou a falta de espaços verdes públicos de qualidade através de um projeto de regeneração centrado na comunidade. Os Green Spaces for Leisure and Community centraram-se na transformação de áreas anteriormente subutilizadas em parques e espaços recreativos animados. O projeto foi desenvolvido em estreita colaboração com grupos comunitários locais, envolvendo mais de 1 000 residentes na conceção e manutenção destes espaços. 

O resultado foi a revitalização de cerca de 10 hectares em zonas verdes inclusivas com diversas instalações recreativas. Esta abordagem aumentou a biodiversidade local, melhorou os resultados em termos de saúde pública e reforçou os laços comunitários, evidenciando estratégias eficazes para regenerar contextos urbanos mais pequenos através do envolvimento ativo dos cidadãos.

#6 – Ostrów Wielkopolski (PL)

 

A iniciativa Green and Blue City Transformation integra abordagens ecológicas e centradas na comunidade para a regeneração urbana. A cidade revitalizou a sua gestão de águas urbanas através do desenvolvimento de infraestruturas verdes, jardins de chuva e lagos de retenção de águas pluviais, reduzindo significativamente os incidentes de inundações locais em 40%. O envolvimento ativo da comunidade, que incluiu programas educativos e orçamentos participativos, assegurou que o projeto refletia as prioridades dos residentes.

Ao combinar a valorização ecológica com o envolvimento ativo da comunidade, Ostrów Wielkopolski melhorou a qualidade de vida urbana, promoveu a gestão sustentável da água e estabeleceu um modelo replicável de regeneração urbana integrada.

O que é que a sua cidade pode aprender com isto?

 

Cada prática nesta secção sublinha o valor das abordagens inclusivas específicas do contexto que dão prioridade às necessidades locais e à participação da comunidade. Bruxelas dá ênfase à integração espacial inclusiva, Rouen destaca a conceção participativa contínua, Fót demonstra a eficácia de intervenções localizadas de pequena escala e Ostrów Wielkopolski exemplifica a integração de soluções de carater ambiental com a participação ativa da comunidade. As cidades podem inspirar-se nestas abordagens distintas, mas complementares, para impulsionar com êxito a regeneração urbana verde.

 

                

 

  Reinventar as cidades com os cidadãos

 

As zonas urbanas debatem-se frequentemente com espaços abandonados ou subutilizados, exigindo soluções inovadoras de regeneração orientadas para os cidadãos, a fim de restaurar a vitalidade e a ligação à comunidade.

#7 – Igualada (ES)

 

Igualada abordou a questão das zonas industriais abandonadas, envolvendo mais de 1 200 cidadãos locais na Participatory Transformation of Abandoned Areas. Juntamente com os habitantes locais, a cidade revitalizou espaços negligenciados, transformando-os em centros comunitários dinâmicos, incluindo parques e locais culturais, reduzindo em 30% as áreas urbanas abandonadas. 

O processo estimulou a criação de laços comunitários mais fortes e melhorou a atividade económica local, reforçando a identidade local e melhorando a qualidade de vida. A prática da Igualada dá ênfase ao envolvimento efetivo dos cidadãos na recuperação de espaços urbanos, respeitando simultaneamente o património histórico e cultural.

#8 – Trnava (SK)

 

O projeto Public Space Revival envolveu ativamente mais de 3 000 residentes para regenerar espaços públicos negligenciados através de métodos de planeamento participativo. A cidade revitalizou praças, parques e zonas pedonais, melhorando significativamente a estética urbana e aumentando a circulação pedonal em mais de 50%. 

As empresas locais beneficiaram economicamente do aumento do tráfego pedonal, reforçando a resiliência económica global da cidade. A abordagem de Trnava demonstra como o envolvimento sustentado da comunidade pode produzir espaços urbanos económica e socialmente vibrantes.

#9 – Flöha (DE)

 

A Flöha revitalizou uma fábrica têxtil historicamente importante, mas desativada, através de uma abordagem de reutilização adaptativa denominada Refabrication”. Mais de 2 000 residentes participaram na remodelação do espaço de 25 000 metros quadrados, transformando-o num centro cultural, educativo e recreativo integrado. 

Este amplo envolvimento dos cidadãos melhorou significativamente o emprego local, aumentou o orgulho cívico e estimulou a revitalização económica. A prática da Flöha ilustra o poderoso impacto da combinação da preservação do património com o desenvolvimento moderno orientado para a comunidade.

 

O que é que a sua cidade pode aprender com isto?

 

As cidades podem inspirar-se na recuperação eficaz de espaços industriais orientada para os cidadãos em Igualada, na revitalização participativa de áreas públicas em Trnava, que reforça as economias locais, e nas estratégias de reutilização adaptativa de Flöha, que preservam o património cultural. Estes casos ilustram coletivamente como a participação dos cidadãos pode conduzir a uma regeneração urbana significativa, economicamente sustentável e culturalmente sensível.

 

              

   

Para além da regeneração

Coletivamente, as nove práticas apresentadas acima ilustram o potencial transformador das estratégias de regeneração urbana verde adaptadas especificamente aos contextos locais. Uma regeneração bem-sucedida requer um envolvimento genuíno da comunidade, intervenções sensíveis ao contexto e processos de planeamento colaborativos.

Quer se concentrem na reutilização sensível ao património, como em Flöha, na renovação espacial orientada para os cidadãos em Trnava, nas transformações verdes inclusivas em Bruxelas ou no desenvolvimento de infraestruturas ecológicas em Ostrów Wielkopolski, cada cidade fornece modelos suscetíveis de serem adaptados por outras cidades de acordo com os seus contextos ecológicos, sociais e económicos específicos. A ênfase na colaboração das partes interessadas e nas intervenções localmente adequadas garante uma transformação urbana significativa e duradoura.

Explore mais exemplos e inspire-se nas 116 Boas Práticas URBACT que abrangem diversos desafios urbanos, como a ação climática, a eficiência energética, a mobilidade e a inclusão social. Cada prática selecionada foi submetida a uma avaliação rigorosa por um perito que avaliou o seu impacto local, a abordagem participativa, a integração e o potencial de transferência para outras cidades europeias. 

Descubra a gama completa de práticas e considere como a sua cidade poderia adotar e adaptar estas soluções comprovadas para a regeneração urbana sustentável, sabendo mais sobre o URBACT City Festival em Wrocław (PL), que se realizou de 8 a 10 de abril de 2025. 

Fique atento e saiba mais sobre o Concurso URBACT para Redes de Transferência.

 

Traduzido e adaptado do original submetido pelo URBACT em 27/03/2025.

Submitted by on 24/04/2025
author image

Maria José Efigénio

See all articles